Em setembro de 2025, o mercado brasileiro de veículos elétricos registrou uma disputa acirrada no segmento premium — e quem levou vantagem foi a marca chinesa Zeekr, que conseguiu superar as vendas da BMW no país no mês. A performance evidencia o crescimento das montadoras chinesas no setor elétrico e acelera o debate sobre o posicionamento das montadoras tradicionais frente a essa nova realidade.
Um salto inesperado: Zeekr assume a dianteira em setembro
A Zeekr conseguiu emplacar 92 veículos elétricos no Brasil em setembro, enquanto a BMW registrou 87 unidades. Essa superação, ainda que modesta em números absolutos, representa um momento simbólico: marcas emergentes desafiando consolidadas no segmento premium.
Esse desempenho da Zeekr foi fortemente impulsionado pelo seu modelo mais novo no portfólio nacional, o Zeekr 7X. Em seu primeiro mês inteiro de comercialização, o SUV premium foi responsável por 71 das 92 unidades vendidas pela marca — ou seja, 77 % das vendas da Zeekr no mês.
Em paralelo, a BMW manteve seus modelos elétricos tradicionais — como iX, iX3, i4 e i7 — como protagonistas de suas vendas no Brasil.
O que há por trás do 7X: aspectos técnicos e comerciais
O Zeekr 7X é oferecido no Brasil na configuração Flagship AWD, com bateria de 100 kWh e desempenho robusto: 645 cavalos de potência combinada, aceleração de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos e autonomia homologada de 423 km, segundo dados do Inmetro.
Outros dados técnicos que reforçam seu apelo incluem o porte (4.787 mm de comprimento, entre-eixos de 2.900 mm), porta-malas com 616 litros, suspensão a ar com ajuste de altura e sistema eletrônico de amortecimento (“Magic Carpet CCD”).
Em termos de preço, o 7X Flagship AWD é comercializado no Brasil por R$ 448.000, valor que tem chamado atenção no segmento premium de elétricos e estimulado reações de concorrentes.
Análise do cenário acumulado e desafios para a Zeekr
Apesar da vitória em setembro, no acumulado de janeiro a setembro a BMW segue em vantagem. Segundo dados da Fenabrave, a montadora alemã registrou 725 unidades vendidas no segmento elétrico, contra 442 unidades da Zeekr.
Se a Zeekr mantiver o ritmo aproximado de 90 unidades mensais, e a BMW seguir vendendo cerca de 80 unidades por mês, o confronto pode se tornar mais equilibrado até o fim do ano. No entanto, esse cenário exige consistência de parte da Zeekr — especialmente considerando que sua rede de concessionárias ainda é limitada.
A diversificação do portfólio da marca também será estratégica. Já no mês de setembro, os modelos Zeekr X e Zeekr 001 contribuíram com 15 e 6 unidades, respectivamente, embora em volumes modestos diante do 7X.
Implicações e o novo equilíbrio no mercado premium de elétricos
A superação da BMW pela Zeekr em setembro sinaliza que as marcas chinesas não estão mais limitadas a nichos de entrada ou mercados de volume — elas avançam também nos segmentos de luxo e premium, historicamente dominados pelas marcas alemãs e americanas.
Esse movimento pode pressionar montadoras tradicionais em vários aspectos:
Estratégia de preço e pacotes de equipamentos: para competir, será necessário rever margens, incentivos, pacotes tecnológicos e ofertas de atenção ao cliente.
Expansão da rede de pós-venda e concessionárias: um dos pontos críticos para toda marca nova (ou que está retomando presença) é garantir cobertura adequada para manutenção, peças e confiança dos clientes.
Inovação e atualização tecnológica contínua: baterias, plataformas elétricas, softwares embarcados e conectividade tendem a se tornar diferenciais ainda mais relevantes.
Percepção de marca e confiança: conquistar consumidores dispostos a investir em carros de alto valor exige respaldo de marca, histórico de confiabilidade e comunicação.
Para a Zeekr, manter-se no compasso de crescimento dependerá da capacidade de escalar suas operações e garantir um serviço sólido. Já para a BMW, o alerta está dado: a competição no setor elétrico — mesmo nos títulos premium — está mais acirrada do que nunca.
Considerações finais
A vitória da Zeekr sobre a BMW nas vendas de elétricos em setembro de 2025 é um marco simbólico, ainda que os números absolutos sejam limitados. O que importa é o que esse fato representa: uma guinada competitiva importante no segmento premium de carros elétricos no Brasil.
É provável que vejamos esse cenário se repetir ou até mesmo se intensificar nos próximos meses — tanto pela ambição das marcas chinesas quanto pela necessidade das marcas tradicionais de reagir. A disputa por liderança deixará de existir apenas no volume agregado e passará também pela sofisticação, tecnologia e eficiência de serviço ao cliente.