Como os carros flex se tornaram a febre nacional e por que os híbridos e elétricos serão a próxima onda!

Em meados dos anos 2000, o mercado automotivo brasileiro assistiu ao que pode ser descrito como uma verdadeira revolução: a massificação dos veículos flex-fuel. Hoje, com mais de 76 % da frota circulante composta por carros flex, essa tecnologia já virou “normal”, mas há claros sinais de que uma nova transformação está em curso — e que os protagonistas serão os modelos híbridos e elétricos.

A febre dos carros flex: por que aconteceu

A tecnologia flex-fuel (mistura de gasolina e etanol) ganhou velocidade no Brasil graças a fatores idealmente alinhados: já existia abastecimento de etanol em muitos postos, uma tradição nacional de uso do biocombustível e custos de adaptação relativamente modestos para as montadoras.
Segundo estudo, os veículos flex atingiram participação recorde de 76,2% da frota circulante no Brasil em 2023, contra cerca de 56,9% há dez anos.
Ainda, em 2023 já se falava que o Brasil tinha mais de 40 milhões de veículos flex produzidos ou comercializados.
Esse cenário fez com que a adoção do carro flex deixasse de ser apenas uma opção e se tornasse praticamente padrão para o consumidor brasileiro. O efeito foi comparável a uma “febre”: rápida penetração, forte aceitação, e estabelecimento como modelo dominante de combustão interna no país.

Por que os flex foram além de uma moda

Embora “febre” sugira algo passageiro, no caso dos veículos flex, o que tivemos foi mais uma mudança estrutural. Uma vez consolidada, a tecnologia virou fator de base: praticamente todos os fabricantes passaram a oferecer versões flex para o mercado brasileiro. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) destaca que os carros flex “já produzem mudanças significativas no mercado automotivo e no de combustíveis”.
Dessa forma, podemos afirmar que sim — os carros flex configuraram uma grande tendência no setor automotivo brasileiro, com adoção massiva e impacto de longo prazo.

O que está por vir: híbridos e elétricos

Com essa base, voltamo-nos agora para a próxima grande onda: a mobilidade eletrificada. No Brasil, os números recentes apontam crescimento acelerado. A associação Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) informa que os “eletrificados” (veículos híbridos, híbridos-plug-in, elétricos puros e híbridos-flex) já representavam cerca de 8% das vendas de veículos leves no país em algum momento recente.
Outra fonte indica que em 2024 foram vendidas cerca de 177.538 unidades de veículos eletrificados no Brasil, num crescimento de 89% sobre o ano anterior.
Para se ter uma ideia do salto: o mercado de veículos elétricos brasileiros (cars + comerciais leves) somou cerca de 119,1 mil unidades em 2024 e a previsão é que alcance 748,1 mil unidades até 2033, com taxa composta de crescimento anual (CAGR) de cerca de 22,6%.
Acresce que em setembro de 2025 os “eletrificados” já registravam 9,4% de participação das vendas de veículos leves no mês, sendo que 77,5% desse total foram veículos plug-in (BEV ou PHEV).
E mais: estudo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) com a Boston Consulting Group projeta que veículos híbridos e elétricos devem ultrapassar os de combustão no Brasil já por volta de 2030.

Por que os híbridos/flex-híbridos podem vir primeiro

No contexto brasileiro, algumas condições favorecem os híbridos ou híbridos-flex como tecnologia de transição rumo à eletrificação total:

A infraestrutura de recarga para elétricos puros ainda é incipiente em muitas regiões do país, o que torna o híbrido mais “tranquilo” para o consumidor. Por exemplo, veículos híbridos permitem operação convencional (gasolina/etanol) e elétrica.

Já existe tradição de veículos flex no Brasil, portanto a adaptação para híbrido-flex (mistura etanol/gasolina + elétrica) é plausível. Por exemplo, a Toyota anunciou que domina o segmento de híbridos-flex no país: em 2024 tinha 88% de market-share na comercialização dessa tecnologia.

Incentivos regulatórios e de mercado tendem a favorecer eletrificação progressiva, com etapas intermediárias.

Depois: o “boom” dos elétricos puros

Com o tempo, os veículos elétricos puros (BEV) devem ganhar força — conforme queda de preços, expansão de recarga, e oferta de modelos mais acessíveis. Há sinais já desse movimento: vendas de BEVs saltaram 396,6% em um ano para responder por cerca de 2,1% das vendas em 2024.
Com a escala crescente e menores barreiras, a tecnologia elétrica pura está bem posicionada para se tornar dominadora — em analogia ao que os flex foram para os motores convencionais.

O que isso significa para o consumidor e para o mercado brasileiro

Para o consumidor, o cenário se traduz em mais opções, novas tecnologias, potencial valorização de usados “tradicionais” e demanda por serviços novos (recarga elétrica, manutenção de baterias, etc.).

Conclusão

Em resumo: a era dos carros flex no Brasil foi uma verdadeira febre e se consolidou como o padrão nos anos recentes. Agora, estamos no limiar de uma nova onda — a dos veículos híbridos e elétricos — que promete não apenas adicionar novas opções, mas redefinir o paradigma do que é “normal” no setor automotivo. O híbrido (e híbrido-flex) provavelmente virá primeiro como ponte, e o elétrico puro será o passo seguinte. Para marcas e consumidores, o sinal está claro: preparar-se para a mobilidade do futuro é mais do que uma escolha — é uma necessidade.

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