No cenário mundial, os carros elétricos já representam quase um quinto das vendas globais. No Brasil, a fatia ainda é pequena, mas cresce rápido. Entenda o porquê dessa diferença e o que falta para o país acelerar a eletrificação.
Cenário global
Os veículos elétricos vêm conquistando o mundo. Em 2025, cerca de 18% das vendas globais de automóveis já são de modelos 100% elétricos (BEVs).
Se somarmos os híbridos plug-in (PHEVs), essa fatia sobe para aproximadamente 27%.
Países como China, Noruega e Alemanha lideram essa transição, com forte investimento em infraestrutura, incentivos fiscais e metas ambientais.
A China, sozinha, representa mais da metade das vendas de elétricos do planeta — e já supera os 40% de participação no mercado interno.
O Brasil ainda está no início dessa jornada
Enquanto o mundo avança rapidamente, o Brasil segue em ritmo mais moderado.
Por aqui, os carros 100% elétricos representam cerca de 3,4% das vendas de veículos novos, e os eletrificados leves (híbridos + elétricos) chegam a 7% do total.
Mesmo com números modestos, o crescimento é evidente:
de janeiro a agosto de 2025, foram comercializados mais de 126 mil veículos eletrificados no país — um recorde histórico — e a previsão é ultrapassar 200 mil unidades até o fim do ano, segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).
Por que essa diferença é tão grande?
Há vários fatores que explicam a distância entre o Brasil e o restante do mundo:
Infraestrutura limitada de recarga: ainda há poucos eletropostos, especialmente fora das capitais.
Custos de importação: a maioria dos elétricos vendidos aqui é importada, o que eleva o preço final.
Falta de incentivos consistentes: enquanto Europa e Ásia oferecem subsídios e isenções, o Brasil ainda carece de uma política nacional sólida para eletrificação.
Desinformação e resistência cultural: muitos consumidores ainda têm dúvidas sobre autonomia, manutenção e durabilidade das baterias.
O que já está mudando
Nos últimos anos, o cenário brasileiro começou a dar sinais positivos.
Montadoras como BYD, GWM, Caoa Chery, Volvo e Nissan estão ampliando seus investimentos e lançando novos modelos com foco em custo-benefício.
Além disso, o governo federal e estados como São Paulo e Paraná vêm estudando novas políticas de incentivo para produção local de baterias e instalação de pontos de recarga.
Projeções e oportunidades
De acordo com o World Economic Forum e o ICCT (International Council on Clean Transportation), o Brasil tem potencial para multiplicar por dez o número de elétricos até 2030 — desde que invista em políticas claras e infraestrutura de recarga rápida.
Isso significa que, até o final da década, o país poderia atingir 10% a 15% de participação de veículos elétricos no total das vendas.
A expansão da produção nacional de baterias, o avanço da tecnologia e a redução de custos são fatores que devem acelerar essa curva nos próximos anos.
Desafios para o futuro
Apesar dos avanços, ainda há muito a fazer.
O país precisa investir fortemente em:
- Rede de recarga nacional e padronizada;
- Incentivos fiscais e linhas de crédito específicas;
- Produção local e reciclagem de baterias;
- Educação do consumidor e campanhas de conscientização;
- Apoio à inovação e startups do setor elétrico automotivo.
Conclusão
O mundo já adotou o carro elétrico como o futuro da mobilidade — e o Brasil começa a trilhar esse caminho.
Os 18% de participação global mostram que a eletrificação deixou de ser tendência e virou realidade.
Por aqui, com 3,4% de participação e crescimento constante, o país tem a chance de acelerar, reduzir emissões e se tornar protagonista dessa nova era automotiva.
A transição já começou — e o próximo passo depende de políticas públicas, investimentos e da confiança dos consumidores.
Autor: EVAuto — 2025
Fonte: dados da ABVE, CleanTechnica, ICCT e relatórios automotivos internacionais.