Data: 04 de outubro de 2025
- Introdução: nova fase logística da BYD
A fabricante chinesa BYD acaba de concluir a formação de sua própria frota marítima — ao todo oito navios RoRo (roll-on/roll-off) — com o objetivo ambicioso de transportar até 1 milhão de veículos elétricos por ano. Essa estratégia marca uma transformação significativa na logística internacional da empresa, que passa a depender menos de transportadoras terceirizadas.
- Características da frota e capacidades
Os navios variam em capacidade de 7.000 a 9.200 veículos cada.
Entre as embarcações já em operação estão: Explorer No. 1, Changzhou, Hefei, Shenzhen, Xi’an, Changsha, Zhengzhou e Jinan.
O navio Jinan é o mais recente integrante da frota e entrou em serviço para completar o portfólio logístico da BYD.
Alguns dessa frota já estão operando rotas que passam pela Europa, com desembarques em portos como Barcelona e Antuérpia.
- Impacto estratégico das operações internacionais
3.1. Produção global e rota Tailândia → Reino Unido
A BYD já não exporta apenas veículos fabricados na China. Recentemente, um dos navios — o Zhengzhou — fez um embarque de veículos produzidos na Tailândia com destino ao Reino Unido. Essa estratégia é relevante porque a Tailândia não está sujeita às tarifas adicionais impostas pela União Europeia sobre veículos chineses elétricos.
3.2. Operações no Brasil
No Brasil, a BYD planeja produzir localmente os modelos Dolphin Mini, Song Pro e King na fábrica de Camaçari (BA).
Além disso, o navio BYD Shenzhen atracou recentemente no Brasil com 7.292 veículos elétricos e híbridos, sendo um dos maiores embarques registrados no país.
Esse navio tem capacidade para até 9.200 veículos e já opera rotas internacionais.
- Resultados recentes e metas
Em agosto de 2025, as vendas da BYD na China caíram cerca de 22% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações dispararam 157% no mesmo mês, segundo dados da empresa.
No acumulado janeiro–setembro de 2025, a BYD exportou aproximadamente 697.072 veículos — já muito próximo da meta de 1 milhão para o ano.
A meta é que até 20% das vendas globais da BYD em 2025 venham de mercados internacionais.
- Vantagens e desafios da estratégia da BYD
5.1. Vantagens
Maior controle logístico: ao usar frota própria, a BYD reduz dependência de armadores externos e pode otimizar escala, rotas e custos.
Eficiência e previsibilidade nas operações de exportação, diminuindo riscos de logística e gargalos portuários.
Estratégia tarifária: ao produzir em países fora da China (como a Tailândia), pode evitar tarifas punitivas e competir melhor em mercados como a UE.
Capacidade de expansão global: a frota permite atender regiões como Europa, Sudeste Asiático e América Latina com maior agilidade.
5.2. Desafios
Demanda internacional sustentável: para transportar 1 milhão de veículos, é preciso mercado consumidor robusto e estável em múltiplos países.
Barreiras regulatórias, tarifas e requisitos de conteúdo local impostos por alguns mercados podem limitar a competitividade.
Custo e manutenção naval: operar grandes navios exige investimentos elevados (combustível, manutenção, tripulação, seguros).
Competição e diferenciação: outras montadoras elétricas intensificam presença global, então BYD precisará manter vantagem em custo, tecnologia e confiabilidade.
- Conclusão
A BYD está entrando em uma nova fase de sua estratégia global ao consolidar uma frota própria de navios RoRo para impulsionar a exportação de veículos elétricos. Com oito navios em operação, já capazes de movimentar entre 7.000 e 9.200 unidades cada, a empresa mira atingir a marca ambiciosa de 1 milhão de veículos exportados por ano.
Se bem-sucedida, essa iniciativa pode reconfigurar padrões logísticos no setor de mobilidade elétrica, sobretudo pela integração entre produção global e transporte marítimo sob controle direto da montadora. No entanto, desafios como demanda internacional, regulações e custos operacionais exigirão execução precisa e escalabilidade.